Anna Carolina de Souza Neves, de 8 anos, foi baleada na cabeça no bairro Parque Esperança, no município da Baixada Fluminense. Ela estava no sofá de casa. O crime foi na madrugada desta sexta-feira (10).
Segundo a Polícia Militar, não havia operação na região em que Anna Carolina foi baleada. A família informou à corporação que disparos foram ouvidos pouco antes de a menina ser atingida.
De acordo com a polícia, agentes foram abordados por moradores quando passavam pela Avenida Joaquim da Costa Lima. Em seguida, o pai de Anna Carolina de Souza Neves apareceu carregando a menina nos braços até a viatura, que levou a criança até o Hospital de Saracuruna. No local, ela não resistiu aos ferimentos.
O corpo de Anna Carolina estava no Instituto Médico Legal de Duque de Caxias, na mesma região, na manhã desta sexta-feira (10).
A Secretaria de Estado de Vitimização informou que estava em contato com os familiares da criança e ofereceu auxílio, assistência social e psicológica aos parentes. Ela é a 3ª vítima de bala perdida no estado do RJ este ano.
Não é possível falar do assassinato de Anna Carolina sem lembrar de Ágatha Félix, também morta aos 8 anos, no complexo do alemão, dentro de uma Kombi, quando voltava pra casa com a mãe, também numa sexta feira, no dia 20 de setembro de 2019.
Ambas mortas pelo estado. Mortas por aqueles que deveriam protegê-las. Vítimas da necropolítica.
Em 2019, seis crianças foram assassinadas na região Metropolitana do Rio.
Não, poderia simplesmente fazer a nota e pronto. Precisava colocar no papel todo repúdio, toda dor, toda lástima de perceber que este ano não tem nada de novo. Toda vez que uma criança é atingida por uma bala disparada pelo estado, a notícia é de que o corpo que encontrou essa “bala perdida” é um preto, pobre e periférico.
E, para os governantes, é só mais um CPF cancelado.
Feliz ano novo para quem? Novo? Como!? Onde? Feliz?
Formada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a jornalista Juliana Barbosa é soteropolitana, nascida em 25/04/1988. Começou a carreira na TV Educativa da Bahia, em 2012, emissora onde exerceu os cargos de produtora, editora de textos e repórter de TV. Também foi repórter na Rádio Educadora FM. Foram cinco anos no IRDEB. A jornalista atuou como repórter de TV na CNT, além de prestar serviços na mesma função a TV Justiça, e algumas produtoras de Salvador. Em sua passagem pela Europa, atuou como repórter, em Portugal. É a idealizadora do site Muito Mais que Isso, e coautora da revista Papo de salão.
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