Europa e China. Dia de semana, ruas desertas de um mês de fevereiro, estendendo este clima para março e suas águas marinhas revoltas. É primavera e as cerejeiras dão frutos no Japão atônito por suas vítimas, muitos deles idosos. Para além da pandemia, do número de infectados e da taxa de mortes registradas, o Covid 19 nos chama atenção para pequenos detalhes que parecem ser inúteis em um mundo onde tudo está em movimento.
Como um dia de domingo, chineses e europeus ficam em suas casas, sejam enclausurados ou em home-office. O corona nos convida a perceber o nosso lar e o que está dentro dele, as roupas que não usamos, a comida que não degustamos. Olhar para os cantos e ver a poeira do tempo que se acumula e entender o porquê a fresta da janela está suja.
Italianos buscam refúgio na arte, naquilo que salva em tempos difíceis e descobrem que a felicidade está nas coisas pequenas e que devemos compartilhar essa energia, que atenua as dores do mundo, mesmo que seja pelas claraboias, sacadas e janelas. É tempo de olhar para o outro, nem que seja a um metro de distância.
Nunca falamos tanto pelo tal “zap zap”, nunca multiplicamos e viralizamos (literalmente) informações. Como um dia de domingo, olhamos para a rua deserta, onde só se ouve o barulho do vento, que uiva solitário.
Do alto de nossos apartamentos e coberturas, vemos a cidade vazia, nua e sem movimento. Nos percebemos no silêncio e fazemos dele a nossa reflexão. Fomos forçados a parar para pensar, refletir por ( e de) dentro. Este é o momento de ouvir mais,pensar mais e acreditar, vai passar.
Jornalista formado pela UFRB. Baiano e nordestino até a raiz. Profissional com experiência em assessorias de comunicação e trabalhos freelacer
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